Artigo escrito por
Marco Antonio Oliveira Neves, Diretor da Tigerlog Consultoria e Treinamento em
Logística Ltda.
A questão da produtividade tem sido alvo de discussões acaloradas entre as
empresas e os diferentes segmentos econômicos no Brasil e no mundo. Ocupamos
as posições mais baixas nos rankings mundiais de produtividade
elaborados pelas instituições norte-americanas, européias e asiáticas. Péssimo
para um país que se auto intitula uma economia emergente e que quer estar entre
as cinco maiores economias do mundo nos próximos anos.
Na prática, produtividade significa fazer mais com menos. Parece simples,
mas não é, pois envolve investimentos em sistemas de gestão (principalmente na
apuração e interpretação dos indicadores de produtividade), na capacitação
e gestão da mão-de-obra, adequação da infraestrutura, revisão dos
processos-chave e aquisição de novas tecnologias (incluindo a automação de
operações).
As operações de movimentação e armazenagem de materiais em Centros de
Distribuição e nos Terminais de Carga e as operações de transferência e de
coleta/entrega nas Transportadoras apresentam elementos e características
comuns, mas contrastantes com a busca por maior eficiencia e eficácia.
Tratam-se de operações com baixo nível de automação e de mão-de-obra
intensiva, ou seja, são totalmente dependentes do fator humano, que por sua
vez, tem a sua produtividade atrelada a questões relacionadas a ergonomia,
liderança, clima organizacional, disponibilidade de ferramentas para o
desempenho da atividade, remuneração fixa e variável, escopo do cargo na
atividade desempenhada, status, segurança, etc.
Essas variáveis todas são difíceis de serem equalizadas, e acabam
resultando em maiores indicadores de turn-over (rotatividade),
absenteísmo (faltas), índices de acidentes, avarias, furtos e erros nas
atividades de transportes e de conferência, endereçamento, estocagem,
inventário, separação de pedidos, unitização de cargas e expedição. Portanto, a
má gestão de pessoal acarretará obrigatoriamente em baixos índices de
produtividade.PO
Esse ciclo vicioso, aliando a má gestão de pessoal aos processos mal
desenhados ou até inexistentes, gera muito retrabalho, transformando os
profissionais em verdadeiros "bombeiros", que gastam seu precioso
tempo resolvendo problemas recorrentes; é gente que não produz e que não atua
na causa raiz das não conformidades, alimentando o eterno dilema da baixa
produtividade no Brasil.
Profissionais atuando como "bombeiros" normalmente se conformam
com a situação, pois acabam tendo um relativo domínio dos imprevistos (e de
suas soluções) e aproveitam esses eventos indesejados para se posicionarem como
verdadeiros heróis. Na prática, acabam emburrecendo e transformam-se em
"zumbis" ou "mortos-vivos" e realimentam o ciclo vicioso da
falta de produtividade. São fortemente apegados aos paradigmas e lendas
existentes e totalmente avessos à inovação, e em nome do "aqui não
dá" ou "aqui já tentamos e não funcionou", recusam qualquer nova
prática de gestão, processo ou tecnologia.
Sem uma correta e ampla gestão de pessoal, aliada à revisão dos processos
sob a ótica de valor agregado ao cliente interno e externo, será muito difícil
obter indicadores altamente competitivos de produtividade nos armazéns ou nas
operações de transportes.
Não bastará ter a melhor infraestrutura operacional ou a mais completa
solução WMS (Warehouse Management System), pois continuaremos
"esbarrando" nas questões relacionadas ao capital humano e aos
processos. Portanto, para ter uma maior produtividade, foque em PESSOAS e
PROCESSOS!