Artigo escrito por Marco Antonio Oliveira
Neves, diretor da Tigerlog Consultoria e Treinamento em Logística Ltda
Que
tal adicionar um “P” à atividade de transporte? “P” de PLANEJAMENTO! Afinal,
quanto tempo você e a sua equipe dedicam ao planejamento das atividades de
transportes?
Ao
contrário do que muitos profissionais pensam, a atividade de transportes deve
considerar as três esferas de decisão: estratégica, tática e operacional. Em
nosso dia-a-dia investimos quase 100% do nosso tempo em atividades operacionais,
reservando pouquíssimo tempo para atividades táticas, com raras atuações no
nível estratégico.
O
nível estratégico, por exemplo, compreende a análise e tomada de decisão
envolvendo malha logística, perfil dos parceiros logísticos, escopo da terceirização
logística, área de abrangência do serviço, política tarifária, nível de serviço
por canal de distribuição, atuação com frota própria ou terceirizada,
utilização de ferramentas tecnológicas para maior visibilidade e controle, etc.
No nível estratégico identificamos, portanto, diversas atividades que
demandariam pelo menos 10% a 20% do tempo diário do Gerente de Logística, e
algo ao redor de 5% a 10% do tempo dos Coordenadores diretamente envolvidos com
a área de transportes.
Se
existe muito a fazer, porque então, tanta dificuldade em pensar e agir
estrategicamente em transportes? A razão é simples: vivemos dentro de um ciclo
“vicioso”, pois como não existe planejamento algum, convivemos permanentemente
com problemas, “apagando” repetidos incêndios diários, estando contaminados
pela desgastante rotina que desempenhamos como bombeiros!
Na
esfera tática, deveríamos estar atuando na melhoria contínua, a partir de
indicadores apontando a produtividade, custos e nível de serviço. Muitas
empresas gastam até 15% a mais de frete do que deveriam gastar devido às
não-conformidades como avarias, re-entregas, devoluções, estadias, penalidades
financeiras impostas por clientes, etc.
Ao
invés de desenvolvermos projetos que envolvam clientes internos e externos, perdemos
importantes horas de nosso dia-a-dia “resolvendo” problemas, procurando
culpados entre funcionários, Clientes e parceiros, buscando desculpas para
nossas falhas, etc.
Somos
estimulados a não pensar e aos poucos perdemos nosso senso crítico. Desenvolvemos
uma postura reativa, e nos transformamos em agentes passivos. Deixamos de
participar ativamente da mudança e nos tornamos meros espectadores de um
trágico filme. Ao invés de olharmos para fora, nos voltamos para dentro da
empresa, como verdadeiros “ermitões”.
É
preciso romper esse ciclo vicioso e remover as amarras que nos prendem
exclusivamente à operação. Podemos tratar isso como paradigma, acomodação ou
pura teimosia?
Não
importa. Precisamos mudar! Devemos começar pelos PROCESSOS. A revisão e redesenho
dos processos nos forçarão a pensar e agir estrategicamente. Desse debate serão
traçados novos desafios e novos papéis serão definidos. Novas competências e
habilidades serão requeridas, e aí será necessário capacitar as PESSOAS para a
mudança. Por fim serão identificadas as FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS mais aderentes
aos processos, com as funcionalidades básicas requeridas.
Assim
como existe um PPCP no apoio ao processo de planejamento de vendas e operações,
por que não criarmos um PCOT – Planejamento e Controle das Operações de
Transportes?
Sem
o “P”, limitaremos os ganhos possíveis com a gestão de transportes. Perderemos
competitividade e colocaremos em risco a nossa empresa. Que tal então adicionar
um “P” ao transporte?