Artigo escrito por
Marco Antonio Oliveira Neves, Diretor da Tigerlog Consultoria e Treinamento em
Logística Ltda
Não faltam motivos para o Transportador
reclamar da baixa rentabilidade de seu negócio. Pedágios em excesso, restrições
à circulação de veículos, penalidades financeiras impostas pelos Clientes em
função do não cumprimento do nível de serviço acordado, resistência dos
Embarcadores em estabelecer contratos formais e a aceitar repasses de custos,
descaso das autoridades com a infraestrutura de transportes, falta de
regulamentação do setor, concorrência predatória, aumento do diesel e de outros
insumos produtivos, nova legislação (lei 12.619), etc.
Além desses problemas, os executivos do setor
ainda precisam lidar com as dificuldades em recrutar e reter bons motoristas,
agravada com a publicação da Lei 12.619, com a contínua necessidade de
manterem-se atualizados tecnologicamente, com a constante pressão para a
renovação da frota, com a obrigação de adequar-se às inúmeras leis e normas de
trabalho, etc.
Apesar dos esforços para diferenciar-se, tudo
parece caminhar para um inevitável processo de “comoditização”.
Mesmo as mais precavidas e bem gerenciadas
Transportadoras e Operadores Logísticos estão sofrendo com a baixa
rentabilidade do seu negócio. Como pode um setor tão estratégico para qualquer
nação ser assim tão mal tratado?
A necessidade de reverter esse quadro de
penúria e de dificuldades é urgente. O ano de 2012 está sendo marcado pelo ano
em que as Transportadoras e os Operadores Logísticos começaram a dizer NÃO a
determinados Clientes ou segmentos!
Não se trata de uma rebelião organizada e
premeditada, nem da formação de cartéis, mas de uma simples questão de
sobrevivência. É uma reação natural a muitos anos de descaso e de defasagem e
dificuldades em repassar os aumentos de custos. A Lei 12.619 que regulamenta e
disciplina a profissão de motorista está trazendo custos adicionais, que
poderão impactar em acréscimos de custos significativos, de 10% a 40%, variando
muito em função do histórico anterior de correção dos preços.
Estamos chegando a um perigoso “fundo do
poço”, e antes que muitas empresas sejam literalmente “engolidas” pelo buraco
negro, está na hora de dizer NÃO às antigas práticas de gestão e de
relacionamento entre Embarcadores e Transportadoras! É hora de desenvolver
parcerias de longo prazo, na modalidade ganha-ganha.
Muitas Transportadoras e Operadores
Logísticos estão tentando renegociar seus atuais contratos. Se não conseguirem
reajustar os preços a patamares mínimos aceitáveis, dirão NÃO aos seus
Clientes. E não importará se o Cliente é fulano, sicrano ou beltrano. Dirão
NÃO, OBRIGADO e ATÉ BREVE!
Muitas empresas terão que curvar-se às justas
solicitações de seus parceiros logísticos ou buscarão opções mais econômicas no
mercado. Será que conseguirão? Aonde buscarão essas empresas, no “fundo do
poço”?
A questão não é quem vai ganhar ou perder
essa “queda de braço”. A verdade é que todos perderão! Se nada for feito,
assistiremos ao surgimento de um gigantesco “cemitério” formado de carcaças de
caminhões que pertenceram a empresas que outrora foram consideradas modelos de
gestão e de atendimento no Brasil!
Portanto, é importante que cada uma faça a
sua parte. De um lado os Transportadores, identificando seus custos e as
possibilidades para a sua redução; do outro os Embarcadores, com uma criteriosa
análise do nível de serviço desejado e do impacto decorrente sobre os
custos. Somente a atuação conjunta e o trabalho em equipe poderá produzir
resultados realmente competitivos. Mãos à obra!
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