Artigo
escrito por Marco Antonio Oliveira Neves, diretor da Tigerlog Consultoria e
Treinamento em Logística Ltda
Há alguns anos atrás a atividade
de gestão de transportes resumia-se à contratação de Transportadoras, e
normalmente era realizada pelo encarregado da área de Expedição ou por algum
profissional de Compras, que escolhia seus parceiros a partir de critérios
superficiais, com pouco embasamento técnico e com uma visão de custos bastante
restrita e nada sistêmica.
A atividade de gestão de transportes era, até então, tratada como uma atividade simples e rotineira, e de pouco impacto sobre os custos da empresa, embora as despesas com fretes já representassem algo entre 5% e 10% da receita bruta da grande maioria das empresas, exceto aquelas com produtos de alto valor agregado.
Com o passar dos anos, devido
principalmente à pressão por redução de custos e pela necessidade de ampliar
áreas de atendimento geográfico, muitas empresas precisaram evoluir
rapidamente, deslocando a atividade de gestão de transportes para um nível
muito mais tático e estratégico, sem abandonar a “veia” operacional.
O moderno conceito de gestão de
transportes vai muito além da simples contratação e monitoramento das
Transportadoras, e envolve temas como:
- planejamento e execução de
embarques, tratando de questões como freqüência de coleta e entrega, quantidade
de Transportadoras e cobertura geográfica, agendamento de docas para carga e
descarga, etc.
- otimização da capacidade de
transportes, atuando na definição dos modais mais adequados, o dimensionamento
e na definição do perfil da frota, formas de unitização de cargas,
identificação de oportunidades de sinergia com Fornecedores, Clientes ou outras
empresas não pertencentes à cadeia logística, etc.
- contratação de prestadores de
serviços em logística e transportes, cobrindo atividades como a manutenção de
cadastros de parceiros, critérios de homologação de parceiros, elaboração e
administração de contratos de prestação de serviços, realização de cotações,
definição dos níveis de requerimentos de serviços (SLA – Service Level
Agreement), política tarifária, etc.
- monitoramento do desempenho,
incluindo os indicadores de desempenho tradicionais e a gestão de
não-conformidades em transportes, que podem representar um adicional de até 15%
do frete inicialmente orçado, representando despesas com re-entregas e entregas
não realizadas, multas, penalidades financeiras, sobre-estadias, avarias, etc.
- desenvolvimento e implantação
de programas de excelência em transportes, no qual, através de critérios
diversos, é possível ranquear, comparar e premiar as empresas parceiras.
- emissão de relatórios
gerenciais para a tomada de decisão
- gestão da logística global,
envolvendo, por exemplo, soluções de freight forwarding, instalação de
Centros de Distribuição em outros países, opção entre aduanas, etc.
- projetos em transportes,
abrangendo desenvolvimento de embalagens e técnicas para a unitização de
cargas, logística fiscal, terceirização logística, rede logística, benchmarking
em transportes, etc.
Aquilo que era relativamente
simples, passa a ser agora, amplo e complexo. Para se obter um desempenho
classe mundial em transportes, as empresas precisarão atuar em todas as frentes
anteriormente citadas.
Com a rápida evolução e amplitude
do escopo de atuação da área, o profissional de transportes precisa buscar
continuamente o seu aperfeiçoamento técnico, através de cursos e da leitura de
livros. Infelizmente ainda é rara a literatura sobre transporte e poucos são
aqueles que se aventuram em escrever artigos sobre o tema; o conhecimento está
restrito aos profissionais que acumulam muitos anos de experiência na área e
quem têm dificuldade de transformar essa bagagem prática e teórica em livros.
Além do conhecimento técnico e
específico da área, é também importante estar em sintonia com a legislação em
transporte, novas tecnologias e equipamentos.
E é também importante reforçar o
conhecimento “periférico”, como estatística, pesquisa operacional, ferramentas
do TQC e custos.
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