segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Quer atingir excelência na gestão da conta frete?

Artigo escrito por Marco Antonio Oliveira Neves, Diretor da Tigerlog Consultoria e Treinamento em Logística Ltda

Reduzir os gastos com fretes é essencial para manter-se vivo no mercado!

Isso pode ser obtido através de um enfoque financeiro e/ou operacional.

A opção pelo viés financeiro normalmente leva os Embarcadores a uma pressão negocial muito forte, que muitas vezes beira o terrorismo. Isso funciona? No curtíssimo prazo sim, mas no médio prazo produzirá mais problemas do que trará benefícios. É uma atitude simplista, imatura, abandonada por empresas que privilegiam relações colaborativas e de longo prazo.

Nada contra você realizar uma sondagem no mercado e identificar oportunidades de redução de custos através de tarifas mais competitivas. Não opte simplesmente pela tarifa mais baixa, mas sim pela tarifa mais baixa possível. Um estruturado processo de RFI (Request for Information) e RFP (Request for Proposal) levará, com certeza, a soluções mais econômicas. Se você nunca fez e não sabe como fazer, procure auxílio de consultorias especializadas.

Tenha em mente, de forma muito clara, o nível de serviço desejado, para não obter tarifas mais baixas mediante a exposição a maiores riscos em segurança ou a níveis de serviço muito baixos.

Procure também uniformizar o sistema tarifário. Dessa forma você evitará o pagamento de extras que muitas vezes não são controlados devidamente. Além disso, a comparação entre os diferentes Transportadores lhe permitirá visualizar discrepâncias relevantes, como por exemplo, um parceiro que cobra uma taxa de R$ 8,50 por CTRC emitido (taxa de despacho) e outro que cobra R$ 15,00.

Ainda sob o ponto de vista financeiro você pode renegociar as tarifas, atrelando-as a mecanismos de penalização ou bonificação. Fáceis de serem desenhados na teoria, são de difícil mensuração e aplicação prática. Melhor deixar essa carta na manga!

Então, o que fazer?

Priorize a visão operacional. Pode parecer mais complexo e mais demorado, mas com certeza produzirá resultados muito mais consistentes.

Comece revendo o seu modelo operacional, primeiro sob o ponto de vista da quantidade de parceiros utilizados. Devo centralizar o frete em poucas empresas ou pulverizá-lo em diversas transportadoras, especializadas em determinadas mesorregiões? Isso vai refletir diretamente na estrutura de gestão (organograma e quadro operacional) na sua empresa; é importante avaliar o custo x benefício.

Aproveite também para avaliar o perfil de parceiro desejado. Avalie as hipóteses, sob o ponto de vista qualitativo e quantitativo, de utilizar Operadores Logísticos, grandes e médias Transportadoras, pequenas ou microempresas e até autônomos. Algumas empresas vão além, e avaliam inclusive a hipótese de contar com frota própria.

Realize auditorias técnicas em seus parceiros, com uma frequência mínima de 6 meses. Através de um check-list previamente definido, aponte as deficiências existentes e desenvolva em conjunto com seus parceiros um plano de ação com iniciativas de curto, médio e longo prazo. Dessa forma estará claro o que você deseja e valoriza, e onde ele deverá investir seus recursos financeiros.

Reveja também seu modelo de distribuição. Devo manter um Centro de Distribuição do qual partirão todas as cargas ou é possível reduzir custos e melhorar o nível de serviço com a utilização de Centros de Distribuição Avançados (CDA) e Cross-Dockings?

Pense mais além ainda e examine a possibilidade de desenvolver projetos colaborativos, envolvendo a troca de informações para maior visibilidade, o desenvolvimento de embalagens e formas alternativas para a unitização de cargas, o compartilhamento de capacidade no frete retorno, questões fiscais e tributárias, etc.

Informação é uma questão crucial para reduzir os gastos com transportes. Verifique como obter, através de interfaces, os dados da operação, se possível em tempo real, com o intuito de minimizar as não conformidades em transportes, como avarias, devoluções, reentregas, multas aplicadas por clientes, etc. Isso representa, em média, 10% a 15% a mais de frete por ano.

Aprimore também a sua sistemática de gestão, através de um novo modelo contratual e de SLAs (Service Level Agreement) claramente definidos. E desenvolva uma prática de gestão que estimule o envolvimento de seus parceiros, ainda mais se puder aplicar as tradicionais ferramentas de gestão da qualidade total (PDCA, Espinha de Peixe, 5W2H, etc.). Evite, sempre que possível, atitudes punitivas.


Há muito o que fazer. Procure trabalhar junto de seus parceiros. É mais justo, mais fácil e mais consistente. Não existem fórmulas mágicas e tampouco milagres. O que existe na verdade é muito trabalho pela frente e um imenso campo para a melhoria contínua na operação de transportes. Bom trabalho!

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