Artigo escrito por
Marco Antonio Oliveira Neves, Diretor da Tigerlog Consultoria e Treinamento em
Logística Ltda
Independente das questões macroeconômicas e dos rumos almejados pelo setor
público, o que vem por aí é realmente preocupante para Operadores Logísticos e
Transportadoras. Você já percebeu como está cada vez mais difícil e mais caro
conseguer aquele mesmo R$ 1,00 de faturamento? E quando falamos de
rentabilidade ou lucro? Em alguns casos isso parece uma missão impossível!
Não se trata de pessimismo, mas de uma dose reforçada de REALISMO. Os
próximos anos serão difíceis e realmente desafiadores para Operadores Logísticos
e Transportadoras. E por que?
Vários fatores levarão a um aumento da complexidade na operação logística e
que refletirão diretamente no relacionamento comercial entre os Embarcadores e
prestadores de serviços e na rotina diária das Transportadoras e Operadores
Logísticos.
Um deles trata do arrefecimento (ou perda de entusiasmo) no relacionamento
entre os Embarcadores e seus parceiros. As relações serão marcadas por menor
tolerância, alternância de humor, maior desconfiança, maior impessoalidade e
por cobranças permanentes. Se já andava difícil, ficará ainda pior devido ao
aumento dos custos operacionais, decorrentes dos sucessivos reajustes nos
insumos produtivos (diesel, pneu, peças de manutenção, etc.) e das maiores
dificuldades no planejamento, gestão e operação do dia-a-dia.
Embarcadores pressionados por menores custos e maiores níveis de serviço,
colaborarão para uma relação de alta tensão. Os contratos formais, quando
estabelecidos, deverão reforçar ainda mais os aspectos ganha-perde do negócio,
a favor do Embarcador obviamente.
Com custos cada vez maiores, as Transportadoras e Operadores Logísticos
precisarão realizar um gigantesco e contínuo esforço na identificação e
implantação de oportunidades de melhorias. Não haverá espaço para
"depois", ou "quando der", e tampouco margem para
iniciativas na modalidade "tentativa e erro". Será praticamente
proibido errar!
Não é exagero; isso será uma questão de sobrevivência. Para manterem-se
competitivas no mercado, as Transportadoras e os Operadores Logísticos deverão
otimizar seus resultados, extraindo o melhor que puder de sua infraestrutura
operacional, processos, sistemas informatizados e pessoal. A questão é: como
realizar tudo isso, de forma natural, objetiva e constante?
Será preciso dotar o pessoal chave da sua empresa de uma visão e
conhecimento avançado dos custos operacionais. Não se tratará apenas de
uma melhor base conceitual, mas de sistemas informatizados e de relatórios
financeiros que permitam uma maior visibilidade e um mais confiável processo de
tomada de decisão. Como evoluir rapidamente de uma empresa paternalista,
pessoal, emotiva e intuitiva para um novo modelo, mas racional,
matemático, impessoal e meritocrático?
Também será necessário realizar uma revolução cultura na empresa, que
mexerá com DNA pedominante. Executivos serão cobrados por uma visão mais
estratégica e por uma rotina de gestão, e não de execução. Vendedores
precisarão ser mais técnicos; será imprescindível reduzir os esforços
"inúteis" de vendas. Operacionais deverão atuar menos como
"bombeiros", que diariamente apagam incêndios, muitas vezes
intermináveis, se posicionando de forma inteligente diante das não
conformidades existentes. Profissionais da área Financeira serão cobrados por
uma melhor administração do fluxo de caixa e por maiores informações para a
tomada de decisão, principalmente aquelas relacionadas à identificação de
clientes ou serviços pouco lucrativos. Departamentos de Recursos Humanos
deverão atuar na atração e retenção de talentos ao invés de limitarem-se apenas
às atividades burocráticas e legais relacionadas à contratação, pagamento e
demissão de pessoal. A área de Qualidade deverá servir como suporte essencial
para a melhoria contínua e mola propulsora dessa mudança cultural.
Estamos falando de uma mudança radical de postura. Comece fazendo um
diagnóstico da sua empresa, para identificar as medidas mais importantes e
prioritárias para a sua empresa. Na sequência, implemente as mudanças
necessárias, de forma avassaladora e irreversível. Se demorar ou se vacilar,
poderá não dar mais tempo. Neste momento, o relógio não trabalha a nosso favor.
Mais do que simplesmente "endurecer sem perder a ternura",
estamos tratando de um rápido e necessário amadurecimento das empresas.
Amadurecimento que precisará ocorrer de forma rápida e consistente. Erros
poderão se fatais. Sua empresa está realmente pronta para os difíceis desafios
que vem por aí?
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