Artigo escrito por Marco Antonio Oliveira Neves, Diretor
da Tigerlog Consultoria e Treinamento em Logística Ltda
Quanto mais custos você tiver, provavelmente mais custos
você terá. Como numa avalanche, ocorre um efeito acumulativo, e desastroso.
Estariam então as empresas condenadas à morte?
Não, claro que não. A afirmação feita acima é
parcialmente verdadeira.
Ocorre na maioria das empresas, mas não em todas.
Isso se deve a um ciclo vicioso, no qual, diante de
custos elevados, as empresas, pressionadas por resultados rápidos, tomam
decisões incorretas, muitas vezes sem qualquer embasamento, e que realimentam
os custos, mantendo-os elevados, em patamares cada vez maiores e mais difíceis
de serem resolvidos.
Essa postura equivocada, de rápido (e ineficaz) combate
aos custos, muitas vezes baseada em achismos, é muito comum na área de
logística. Infelizmente, pela dinâmica proporcionada pela atividade, agimos
como "bombeiros", solucionando parcialmente os problemas existentes,
sem atuar diretamente na causa-raiz. Acreditamos que a doença foi curada,
quando na prática apenas aplicamos um remédio paliativo; não investigamos a
fundo a patologia da doença, e sabemos que as complicações retornarão e que a
saúde do paciente voltará a ser afetada.
É essa abordagem, superficial, amadora e muitas vezes
mais pirotécnica do que técnica, que provoca o "efeito avalanche"
citado inicialmente. Atitudes impensadas e precipitadas apenas tornarão o
problema ainda maior, com efeitos devastadores, que deixarão de se limitar ao
universo da logística e que se alastrarão por toda a empresa, atingindo a área
de vendas, produção, financeira, etc, atraindo os holofotes para as lideranças
da área de logística. Se sentindo ainda mais pressionado e estando literalmente
na "corda bamba", o gestor da área volta a adotar ações ineficazes no
combate aos custos, e sem contar com o apoio de seus superiores, sucumbe diante
dos desafios e é engolido pela avalanche de custos, resultado de seguidas amostras
de incompetência.
O Gerente de Logística, muitas vezes solitário em sua
tarefa de agir estrategicamente e
taticamente, carrega o pesado fardo de romper com paradigmas enraizados na
empresa. Sabe que não pode contar com sua equipe de Coordenadores, Supervisores
e Encarregados. Estão todos atolados em rotinas massacrantes. Não têm com quem
dividir suas idéias, tampouco suas agruras.
Faltam seres pensantes na logística, e é em função disso
que defendo há muito tempo a área de Engenharia Logística e a Controladoria
Logística.
A Engenharia Logística é voltada à melhoria contínua. É
ela quem identificará as oportunidades de melhorias, quem utilizará a
metodologia correta para a análise e solução de problemas, e quem liderará o
desenvolvimento e a implantação das soluções possíveis. À Controladoria
Logística caberá a árdua missão de garantir a integridade dos dados, fiscalizar
o desempenho da área e de assessorar a gerência na tomada de decisão. A soma
das duas áreas é muito, mas muito maior do que dois...na verdade, é dez! O trio
formado pelo Gerente, Engenheiro Logístico e Controller atuará de forma a
transformar a logística em um importantíssimo diferencial de competitividade.
Somente assim, atuando de forma inteligente, com foco na
melhoria contínua, através da adoção de ações preventivas e da utilização das
ferramentas adequadas, é que evitaremos essa avalanche de custos. Somente assim
romperemos o ciclo "desastroso" dos custos e evitaremos a derrocada
da área de logística.
Afinal, é muito melhor esquiarmos sobre a densa camada de
neve, do que ser engolido pelas avalanches! Correto?
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